Mesmo que não seja ainda uma adaptação dos sonhos de alguém que acompanha as aventuras dos Vingadores desde criança, Vingadores: A Era de Ultron é uma obra admirável já a partir de sua incrível sequência inicial, em que somos colocados em uma montanha-russa de ação envolvendo a mesma equipe formada por Capitão América, Thor, Hulk, Homem de Ferro, Viúva Negra e Gavião Arqueiro. Nesse momento, Joss Whedon consegue emular os quadrinhos com magnitude, como se estivéssemos vendo um grande painel desenhado. Com a diferença que aquilo ali está em movimento e em um formato muito maior, especialmente se visto em uma sala IMAX, valorizando especialmente o tamanho e a raiva do Hulk, que mais uma vez rouba a cena.
Aquilo que pode incomodar um pouco talvez seja o excesso de tempo na cena da batalha final entre os Vingadores e o grande vilão da história, a inteligência artificial Ultron, que nos quadrinhos é criada por Hank Pym (um personagem ainda a ser apresentado em Homem-Formiga). No cinema, a criação de Ultron é atribuída a Tony Stark, que já tem fama de ser um homem um tanto inconsequente.
O tom do novo filme se assemelha um pouco ao do anterior, com a diferença que há espaço para um pouco mais de dramaticidade, o que ajuda a compensar as piadinhas, que na maioria das vezes não têm muita graça, até por elas ficarem espremidas em meio a cenas de ação de altíssima velocidade. Afinal, além de ter que dar dinamismo ao filme, estamos falando de uma obra que lida com vários heróis ao mesmo tempo e que é preciso dar espaço para todos. Além do mais, como se trata de um filme e não de uma série, há poucos respiros das cenas de ação, o que pode cansar um pouco, especialmente no final.
Duas cenas de respiro são dignas de nota e que funcionam tanto na comicidade quanto na dramaticidade: a cena da tentativa de os demais vingadores levantarem o martelo de Thor e o momento em que somos apresentados à família de Clint Barton, o Gavião Arqueiro.
A trama apresenta Ultron, um personagem criado em 1968 por Roy Thomas na revista Avengers #58, e que reapareceu para assombrar os heróis mais poderosos da Terra durante várias décadas. Recentemente, a Salvat lançou um encadernado contendo um arco de histórias de Kurt Busiek e George Pérez, que representa bem o personagem. Brian Michael Bendis, um dos homens mais criativos da fase anos 2000 da Marvel, utilizou o vilão por duas vezes: uma em que ele reaparece no corpo de Vespa, e outra em uma minissérie passada em uma realidade alternativa, em que Ultron de fato consegue acabar com grande parte da humanidade e restam poucos super-heróis.
Isto é, quem acompanhou um pouco dessas histórias sabe da importância do vilão na cronologia do grupo e do quanto a questão da máquina se voltar contra o homem pode se tornar novamente uma discussão em pauta, embora saibamos que há vários outros filmes que lidam com o assunto de maneira muito mais eficiente e profunda, como UMA ODISSEIA NO ESPAÇO, O EXTERMINADOR DO FUTURO, MATRIX e A.I. – INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL. No caso de Vingadores: A Era de Ultron, não há uma pretensão de colocar essa discussão de forma mais aprofundada. O que importa mesmo é o quanto isso funciona dentro do formato de aventura movimentada e barulhenta, no melhor sentido do termo.
Quanto aos novos heróis apresentados, os gêmeos Pietro e Wanda, que ainda não ganharam o codinome de Mercúrio e Feiticeira Escarlate, aparecem inicialmente como vilões, inclusive do lado de Ultron, para depois passar para o lado dos mocinhos. Wanda, interpretada pela bela Elizabeth Olsen, é um dos destaques do filme, tanto por seu poder, quanto pela expressividade da atriz e da dimensão trágica que a personagem carrega. Quem também rouba a cena é o Visão, uma inteligência artificial que surge para auxiliar os Vingadores. Infelizmente, o personagem de Mercúrio não é tão brilhante quanto a sua versão apresentada em X-Man – Dias de Um Futuro Esquecido.
No mais, há um relacionamento-surpresa entre dois membros do grupo, uma morte inesperada, bons momentos em que os heróis lutam entre si, citações que fãs da Marvel vão gostar de ouvir, uma produção milionária de encher os olhos, um trabalho de casting novamente admirável, uma trilha sonora empolgante nos momentos-chave (o especialista Danny Elfman foi chamado para turbinar o score original de Brian Tyler) e várias deixas para Vingadores: Guerra Infinita - Parte 1, previsto para 2018, que deve levar nossos heróis para o espaço para enfrentar aquele que talvez seja o seu maior inimigo: Thanos. Até lá, a expansão do Universo Marvel no cinema e na televisão terá atingido níveis ainda mais gigantescos.
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